OS ÓRGÃOS DO CONDE
Depois de
toda a polêmica envolvendo Chiquinho Scarpa –aliás, ação de marketing que
considerei de péssimo gosto e resultado duvidoso, apesar da repercussão –
começa nesta segunda-feira (23), e vai até o próximo domingo (29), a campanha
para sensibilizar a população sobre a importância da doação de órgãos. Na
semana passada, durante o pré-lançamento, todos ficaram tão preocupados em
desvendar a pegadinha do enterro do Bentley do conde, avaliado em R$ 1,5 milhão,
que o principal alvo da ação foi eclipsado. O assunto virou motivo de deboche e,
desvendada a história, ela acabou “morrendo” até mesmo na internet. Acredito que as
ações de marketing não precisam enganar as pessoas e a própria mídia para impactar.
Há ferramentas mais criativas. Mas essa é uma outra história...
Blá-blá-blá
à parte, vamos ao que realmente interessa. Hoje, no Brasil há cerca de 30 mil
pessoas na fila de espera para um transplante e de cada dez brasileiros
abordados, quatro se negam a doar os órgãos de seus familiares. A maior lista
de espera é por um rim –há 20 mil brasileiros no aguardo. Em segundo lugar,
estão os que precisam de transplante de córnea (6 mil), seguidos pelos
portadores de doenças no fígado (1.300) e, por último, coração e pulmão, com
200 e 170, respectivamente.
O trabalho da Associação Brasileira de Transplantes
de Órgãos (ABTO), em parceria com o Ministério da Saúde, dos governos estaduais
e entidades médicas, vem surtindo efeito –até junho deste ano o país teve 1.273
doadores, o que o coloca em segundo lugar no ranking mundial em número de
transplantes realizados. Porém, os índices de doadores efetivos, por milhão de
população, ainda são muito baixos em relação aos outros países. A título de
comparação, no ano passado, o número chegou a 10,7 no Brasil, enquanto a Espanha
–o melhor país nesse ranking – atingiu 35,3, seguida pela Croácia (35), Bélgica
(29,3), Portugal (28,5%) e EUA (26).
VONTADE EXPLÍCITA | |
Para
se tornar um doador, é importante comunicar à família esse desejo porque, de acordo com a legislação dos transplantes no Brasil, a doação
deverá ser consentida pelo familiar de até segundo grau. Segundo o médico José
Osmar Medina Pestana, presidente da ABTO, a recusa dos familiares está
relacionada à falta de manifestação da vontade de doação em vida. “Sempre que o
indivíduo se manifesta a favor, os familiares autorizam”, diz ele. A
falta de informações sobre o assunto, na avaliação da própria ABTO, também
contribui para esse baixo índice. Daí, a importância da campanha. “Apostamos na adesão da sociedade para tornar essa espera por um órgão menos longa e dolorosa”, afirma Medina.
Ficou
interessado? O site oficial da ABTO http://www.abto.org.br/ traz todas as informações para a prática efetiva da doação.
Chiquinho Scarpa que protagoniza a nova campanha |
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