ROMANCE COM PATROCÍNIO: POLÊMICOS SITES SUGAR ATRAEM JOVENS NO BRASIL

15.3.19 BLOG SIMONE GALIB 0 Comments


     
    
    Já ouviu falar no padrão sugar de relacionamento? Com o crescimento dos aplicativos de namoro, adaptou-se à internet um modelo de negócios (até então praticado no oculto há anos), que ganhou nome em inglês (sugar, açúcar em português) e está sendo muito utilizado, especialmente pelos jovens que sonham em encontrar na rede um provedor (ou provedora) para ter um melhor padrão de vida ou adquirir coisas que o seu salário não permite comprar.
    São parcerias baseadas em condições financeiras e benefícios mútuos preestabelecidos. Homens mais velhos e bem-sucedidos, batizados de sugar daddies, procuram mulheres jovens, educadas, atraentes e ambiciosas para os acompanharem em viagens e passeios, sem vínculos emocionais.
   Elas se tornam suas sugar babies. Em contrapartida, eles precisam ser generosos: podem financiar a faculdade, academia, roupas de marca, levá-las a restaurantes caros e bancar viagens de luxo, como exige-se de um provedor.
   Já os garotos buscam por mulheres mais velhas, estabelecidas profissionalmente, e que estejam dispostas a lhes darem alguns presentinhos ou patrocinarem seus estudos em troca de companhia ou algo mais que elas queiram. Elas são chamadas de sugar mommy.
    Por se tratar de um negócio, exige investimento. Ao contrário dos demais sites de relacionamento, estes são mais elitistas e ninguém interage ali sem pagar. Há uns mais caros, outros mais acessíveis. Apenas o registro é grátis. Depois, todas as ferramentas só são liberadas, inclusive a possibilidade de falar um oi, mediante a assinatura do plano, que pode variar de R$ 199,00 por mês a R$ 800,00 por alguns meses (parcelados no cartão).  
JOGO ABERTO     
    Os que entram sabem o que estão procurando. Os sites divulgam claramente as regras do jogo e têm blogs com fotos de casais glamourosos, dicas de beleza, moda e lifestyle, como hotéis de luxo preferidos das sugar babies, além de depoimentos.
    Os participantes são informados de que não estão ali para arrumar simplesmente uma companhia. “Você é um sugar daddy/mommy querendo mimar o seu parceiro? Ou um sugar baby que busca alguém que acrescente na sua vida com conhecimento, networking, viagens ou até a sua alma gêmea?”, publica a home de um deles. É um relacionamento patrocinado, sem vínculos emocionais.
   Não podem postar fotos de nudez (só de maiô na praia ou piscina), devem ter mais de 18 anos e todos “são proibidos de promover atividades ilícitas (como prostituição) ou comerciais de qualquer tipo.”
     Além disso, as expectativas do casal devem ser alinhadas desde o início, prática denominada por eles de “relações transparentes”.  No Brasil, há dois sites específicos: Meu Patrocínio (com 500 mil inscritos) e Universo Sugar (cerca de 400 mil).
   No Universo Sugar, para ser um Daddy o usuário deve informar sua renda (mínima de R$ 10 mil), patrimônio pessoal anual (não pode ser inferior a R$ 100 mil) e quanto pretende gastar com sua baby. Ela por, sua vez, precisa especificar em seu perfil quanto deseja receber em mesadas, mimos, jantares e viagens etc.    
REALIDADE OU FANTASIA?
     Para entender melhor esse ‘relacionamento doce, me cadastrei no Universo Sugar. Fui direcionada à categoria sugar mommy. Depois de pagar, já era a mais nova integrante do “pote de açúcar” (é assim que eles vendem esse mundo).
      Entre os mais de 200 sugar babies que visitaram o meu perfil, a maioria tinha entre 18 e 25 anos. Vez por outra surgia algum na faixa dos 30 anos. Os mais jovens ganham destaque.  De fato, há rapazes bonitos, que aparecem nas fotos em corpos atléticos e bronzeados. Não sabemos se são exatamente usuários ou apenas modelos.
     No catálogo real do site, encontramos jovens de praticamente todas as regiões do Brasil e de diversos tipos físicos. Não vi nada de glamour. A maioria não tem o padrão top model, mas cada um deles poderia arrumar facilmente uma namorada na balada e até mesmo no Tinder. São rapazes educados e comunicativos, alguns até muito simples. Mas, sonham com os benefícios prometidos pelo relacionamento sugar.
     A pergunta mais comum feita por todos com os quais conversei foi: “Você se importa com a diferença de idade entre nós”? E quando questionava o motivo de estarem no site, vários me responderam que “se sentiam atraídos por mulheres mais velhas”.
     Os mais objetivos disseram que gostariam de “ganhar uns mimos”. Um rapaz, de 23 anos, me pediu logo no dia seguinte que começamos a trocar mensagens, um celular para que conversássemos melhor, visto que era o dia do seu aniversário e o aparelho dele havia quebrado. Outro me contou que estava em busca de “melhores condições financeiras”. Um terceiro tentou marcar um cinema para assistirmos o novo filme da Marvel.
      Acredito também (pelo nível das conversas) que ali estariam interagindo jovens menores de 18 anos, porque você pode colocar a idade ou a foto que quiser. Não há checagem do site nesse sentido. Ninguém ligou para avaliar o meu perfil. 
       Dessa forma, a plataforma pode ser frequentada com relativa privacidade por pedófilos ou por pessoas com desvios de personalidade, que dizem ser uma coisa e são outra –e a gente sabe o quanto isso é prática comum na internet. Fica o alerta para os pais. É bem provável que eles nem imaginem que seus filhos sejam candidatos a sugar babies.       
        Jennifer Lobo, CEO do Meu Patrocínio, vê o relacionamento sugar como um fator positivo para as mulheres. “Jovens, estudantes ou em início de carreira têm buscado na figura do provedor uma forma de driblar as diferenças salariais no mercado de trabalho, garantindo a manutenção do seu estilo de vida. O dinheiro ainda é tabu nas parcerias emocionais. É evidente que ser mulher custa mais caro.”
       O site Meu Patrocínio também informa que nem todos os sugar são tão daddy assim (só homens mais velhos) e que hoje 28% dos inscritos estão na faixa dos 30 aos 36 anos, sendo igualmente empresários e bem-sucedidos - o sonho de consumo de muitas garotas.
 
 
  Diz ainda que eles estão migrando para esse tipo de relacionamento para impressionar o seu grupo social. “Estar ao lado de uma jovem exuberante faz com que se destaque e alimenta o ego masculino.” Assim, "quando se exibem com esta mulher, incentivam os amigos a entrar plataforma."
         Outro fator destacado por eles, diz o site, é que “as babies são mais compreensivas e não fazem tantas cobranças". Ou seja: sabe que estão envolvidos com suas carreiras e não têm 100% de tempo disponível para dar atenção a elas. Um relacionamento sem estresse.
       Renato F., empresário de 36 anos, conta que “será difícil buscar uma outra relação fora do modelo sugar. A maioria dos meus amigos ainda está na fase de achar companhia em barzinhos, na balada. Fico cansado e com preguiça só de pensar. Aqui, tenho o poder de escolha, posso ter a garota que eu quiser, quando quiser, sem precisar me submeter a joguinhos de sedução. Enquanto estou satisfeito com minha baby, está tudo bem. Quando não dá mais, é só buscar outra. As opções são muitas”.
      Diante de tudo isso, a gente se pergunta: seria o padrão sugar apenas tendência dos novos relacionamentos impulsionados pela internet ou uma forma de jogar calda de açúcar em uma das profissões mais antigas do mundo? 
        O conceito é polêmico. Cada um que tire as suas próprias conclusões!




0 comments: